22 de dezembro de 2008

Aqueles que nos fazem rir 03

Este são dois vídeos dos maravilhosos Umbilical Brothers. O trabalho deles vale muito a pena de ser visto.


Conto: Uma estória é uma história

Vemos dois homens se escondendo num beco escuro. Suas roupas são batas pobres, de um tempo antigo e eles estão arfando de cansaço. Sons de soldados passando, perto do beco, e continuando a correr para longe.

- Pronto. Os romanos foram embora.


- Os romanos são o menor problema.


- E agora, profeta? O que você vai fazer?


- Ainda há muito a ser feito, Tobias. Meu trabalho mal começou. Devo perpetuar as palavras de meu pai para todo o sempre nesta terra. Esta foi a missão que o meu nascimento e o meu batismo puseram sobre meus ombros.


- Então é um fardo, profeta?


- Não, Tobias. É um caminho.


- Aquele rapaz, senhor, ele...


- Sim, ele vai morrer. Mas mesmo perante a sua morte, devemos acreditar no nascimento de mais um dia.


- Profeta, a morte de qualquer um não deveria ser um pecado que...


- O assassinato de qualquer um é pecado, mas a morte dele vai evitar o derramamento de sangue de muitos. Assim espero.


- Como, profeta?


- Não sei se contar a você vai aliviar a sua dor ou aumentá-la ainda mais, meu amigo. Talvez seja melhor que você parta daqui e envelheça com segurança. Tomemos caminhos opostos, para que você desfrute o resto da sua vida em paz. Você já fez o bastante em nome do meu Pai.


- Nunca, senhor! Estarei com você até o fim dos dias.


- ...Você é um bom amigo, Tobias. Agradeço muito a sua ajuda, e precisarei muito dela. Acredite. Agora vamos esperar mais algumas horas, até que o sol nasça e possamos nos misturar aos habitantes desta cidade.


- Sábio como sempre, senhor. Mas eu poderia saber qual é o plano? Como faremos para espalhar a palavra do Pai, depois dos acontecimentos desta noite? Tivemos a comprovação que Roma é contra as suas palavras, e logo eles o acharão. O caminho do calvário parece certo.


- Sei disso, Tobias. Levei muito tempo meditando e orando, para chegar a uma conclusão dolorosa, que me levará a um destino sofrido sobre esta terra. Envolve o nosso amigo, aprisionado esta noite.


- Como assim, Senhor?


- Quantas vezes você ouviu alguém perguntando se éramos irmãos de berço, Tobias?


- O senhor e o rapaz? Muitas vezes. Durante a peregrinação, muitas pessoas pediam a ele conselhos e bênçãos.


- Foi por isso que o plano teve sucesso. Esta noite, ele foi levado em meu lugar e, agora, tenho a chance de levar a Palavra para muitos, até os anos finais da minha vida.


- Mas senhor, aquele pobre carpinteiro não tinha noção do que estava colocando em jogo.


- Tobias, chega! Por mais simples que fosse em pensamento, Jesus tinha noção do sacrifício que iria fazer.


- Eu não desejo discutir com o Senhor.


- E eu não desejo discutir comigo mesmo novamente este assunto. Não pense, em nenhum momento, que esta foi uma decisão fácil, Tobias. Eu passarei o resto da minha vida terrena sendo odiado por este dia e Jesus, se o meu plano der certo, ficará para todo sempre, lembrado como o filho de Deus que...


- Sacrilégio! Você é o filho de Deus!


- Basta, Tobias! Fale baixo, ou o sacrifício de Jesus terá sido em vão.


- Eu não posso permitir que esta mentira se perpetue, se na verdade...


- ...Se na verdade o que importa é a mensagem, não o mensageiro. Acredite em mim, Tobias. Os atos desta noite podem levar a perpetuação da Palavra de meu pai de um modo que nem mil discursos sobre montes levariam.


- Como, senhor?


- Depois que Jesus morrer, ele será enterrado nos jazigos de pedra. Alguns dias depois, durante as orações do terceiro dia, ele reaparecerá vivo.


- Mais um milagre, Senhor?


- Assim espero que pareça, tudo depende de como farei o meu papel de Jesus. Devo me manter a distância, e espero que o susto proíba a todos de se aproximarem. Acredito que esta história rapidamente se espalhará, nesta cidade sequiosa por contos de fadas. Este é o estopim para as histórias de um homem virtuoso, que fez milagres em lugares distantes, que foi imaculado pelo sangue feminino. Este homem é alguém de quem as palavras de um ser onipotente podem surgir.


- Um... engôdo? Não creio que o plano de enviar a mensagem de Deus vá surgir de um truque, ensangüentado por um carpinteiro inocente.


- Tobias! Chega!


- Mas senhor, tudo o que fizemos...


- Terá sido em vão, se a mensagem não for espalhada.


- Mas...


- Alguma vez eu te falhei, Tobias? Alguma vez escutaste alguma mensagem de Deus que não mereceria chegar aos ouvidos do mundo? Se a Palavra chegar a Roma, eu tenho certeza que tudo de bom acontecerá aos homens. O que importa é a Palavra, Tobias.


- Você enlouqueceu! Você vai matar um homem em seu lugar, quando é você que deveria ter a coragem de ir a cruz, em nome da sua mensagem!


- A mensagem de Deus! (puxa uma faca e atravessa o corpo de Tobias, que pende até ajoelhar-se)


- ...Porquê?


- Porque assim é necessário, meu amigo. Desculpe te revelar a verdade assim, tão repentinamente. Você não estava preparado para ver a luz. Descanse em paz. Meu nome será perdido pela história, pois assumirei outros nomes para que a Palavra siga em frente.


- Isso nunca... acontecido, Judas.


- Descanse. Logo, você estará ao lado do meu Pai e ele te dará a acolhida necessária. Assim eu espero. Assim eu sonho.

Falta de vergonha na cara!

Mesmo para toda a baixaria governamental que estamos acostumados a assistir, os deputados paranaenses foram longe demais. Longe demais. É um ato vergonhoso, que precisa ter a repercussão necessária para que você, que está lendo este artigo, lembre-se dos envolvidos nesta baixaria nas próximas eleições.

Veja os que os nossos deputados aprontaram, clicando AQUI.

19 de dezembro de 2008

A peça do nosso grupo

Tenho muito orgulho de dizer que sou diretor do grupo Antropofocus™, que pesquisa comédia aqui em Curitiba. Desde a sua fundação, em 2000, venho dirigindo e atuando nas nossas produções. Mas na última peça eu só dirigi. Pensei que seria algo traumático, já que estar no palco com essa turma é sempre muito prazeroso. E foi. Mas nem tão drástico como eu imaginei que seria.

A peça se chama CONTOS PROIBIDOS DE ANTROPOFOCUS™ e aqui, em baixo, tem um vídeo com o início dela.


9 de dezembro de 2008

Aqueles que nos fazem rir 02

Aqui o final de um do filmes mais geniais de todos os tempos, A VIDA DE BRIAN, do grupo inglês Monty Python.
Você nunca conheceu nada deste grupo? Puxa, então preciso te contar uma boa notícia. Você acaba de ganhar umas 30 horas de humor de excelente qualidade - com os filmes, programas de televisão e etc.
Aqui, de novo, você pode esbarrar na barreira da língua. Mas se você não fala inglês fluente ainda... contrate um bom professor particular, como eu! hehehehe

1 de dezembro de 2008

Aqueles que nos fazem rir 01

Ter um blog é um pequeno esforço sem nenhuma futura recompensa palpável. Mas a idéia é exercitar os dedos para que as palavras escorram com tranquilidade, da cabeça para os seus olhos. Ué? Você não está lendo? Então isto aqui saiu da minha cabeça diretamente para você. Como eu sabia que justamente VOCÊ viria aqui ler este blog, aí é um segredo que eu não estou preparado para partilhar.

Vou deixar aqui alguns vídeos de grandes artistas cômicos e começarei de uma maneira distinta. Começarei com o grupo argentino Les Luthiers. Você já ouviu falar deles? Se você é brasileiro, não se preocupe, aqui é o único país da America Latina em que eles não são conhecidos - barreiras da língua, etc.

Então já aviso: não gosta ou não entende a língua dos hermanos, talvez você não se divirta com o que virá a seguir.

Aquele abraço

22 de outubro de 2008

Micro-conto: Pai e Filho

-...e essa é toda a minha história com a sua mãe.

- Tá falando a verdade? Promete?

- Prometo.

- Então tá bom... Eu te ajudo a enterrá-la.


publicado também em Antropofocus™

11 de outubro de 2008

Eu já fui um daqueles cara que enchia a caixa de e-mails dos amigos de piadinhas, aquelas repassadas mil vezes por e-mails pelo mundo todo. Pois bem, minha querida amiga Estrela Ruiz fez a melhor e mais inesquecível crítica a este respeito, mandando este simpático sambinha que publico aqui neste blog.

E hoje...

...vai dar sol nesta cidade?

céu nublado
chove Curitiba
dentro das nossas roupas

céu cinza
chove Curitiba
não gosta de chuva?
Fuja!

Até a poesia mofa por aqui

10 de outubro de 2008

Conto - Meu nome é Aramis

Em todas as tradições antigas existe a lenda de que algo pode te amaldiçoar. Ou abençoar, dependendo da sua sorte. Ou os dois, já que muitos deuses são bem humorados quando se trata do destino dos outros. Lembra da Bela Adormecida? Claro, se ferrou dormindo um tempão, mas tinha três coisas maravilhosas que aconteceriam com ela sempre, graças as bençãos das fadas madrinhas.
Meus pais não me arranjaram fadas madrinhas, mas até pouco tempo atrás eu dormia bastante. Isso porque eu me chamo Aramis e, graças a esse nome, não consigo tomar um rumo na vida. É sério! Qualquer trabalho que eu tente não se encaixa com o nome de um dos famosos 3 mosqueteiros, do escritor Alexandre Duimas... Dummas... Dimasss... EU não sei francês! Esse nome poderia, pelo menos, ter me dado poderes especiais para aprender frânces, mas nem isso! Até porque só fui saber do escritor já na escola, pois meu pai escolheu do nome de um anúncio bonito que ele viu em alguma loja do centro.
O suplício comoçou cedo, na escola. Aramis é um nome horroroso porque nem é feio o suficiente para que as pessoas te sacaneiem com ele, nem bonito o suficiente para as meninas dizerem "que diferente, adorei, que sexy, uau, eu sempre quis um Aramis pra". Fora uma ou outra piadinha: ei, a fazendo do meu pai tá precisando de novos Aramis pra evitar que o gado fuja. A isso se seguia o meu complemento, dizendo que a mãe do cara era uma vaca difícil de ser domada. E, por último, vinha a minha surra.
A carreira estudantil foi curta, até o momento que um professor achou graça do meu nome etc, etc, não gostei, etc, etc, briga, etc, etc, apanhei, etc, etc, processo jurídico, etc, etc, perdi, etc, etc, fui expulso da faculdade. A busca de trabalho foi bastante infrutífera. Vendedor não dava. Mecânica eu não sabia. Matemática sou péssimo. Faxineiro eu só bagunçava os lugares. Nada dava. Foi aí que eu desisti mesmo. Patético, acordando, olhando o apartamento ficando cada vez menor devido a bagunça acumulada, fui me atormentando com a idéia de que o suicídio era o único caminho viável. Mas até nisso falhei miseravelmente! Nas três vezes, aliás.
Isso só passou quando conheci a minha esposa, salvadora, que não só apareceu com todo o carinho que um homem precisa, mas com um sobrenome que adotei prontamente, pulando por cima da tradição do esposo passar pra frente seu sobrenome. Ela ficou constrangida, achando muito simpático o meu gesto, mas questionava o resultado. Meu argumento supremo era que, perante o cadafalso negro da maldição dos nomes, o melhor era pular dentro dele e abraçar de vez essas ironias da vida, acabando assim com todo o efeito negativo disto.
Hoje sou um dono de mercearia razoavelmente bem sucedido, com um terceiro filho já na barriga da mãe pronto para ser batizado de Rafael, Pedro, José, Henrique, Antônio, no máximo dos máximos um Samuel . Precisando de ajuda, todo mundo no bairro sabe que é só me chamar, porque eu aguento a barra de todo mundo que precisa. Chega aqui precisando de ajuda, os vizinhos vão te falar que é só falar com o dono da venda, o Seu Aramis de Ferro.

9 de outubro de 2008

A realidade é a maior piada

Os comediantes se esforçam, de verdade. No seus sonhos mais profundos há aquele desejo de fazer com que todos ao seu redor riam das menores coisas, com o menor esforço, como se uma força natural saisse de dentro deles e contaminasse as pessoas de bom humor. Mas a verdade é que todo comediante tem fases (se duvidar, cheque os filmes do Robin Willians ou assista o Didi no domingo) e, não importa o que você faça, o quanto você seja genial, a realidade vai ser mais engraçada do que você possa sonhar em ser.

Duvida? Veja a foto que saiu hoje, no site da Uol.

mont

Se eu tive contado essa, todo mundo ia dizer o quanto eu sou exagerado! Uma piada típica de desenho animado aconteceu de verdade, para total inveja de Pernalonga, Pica Pau e Tom & Jerry. Agora, já pensou se a moda pega? O casal vai se divorciar e decide que as suas propriedades devem ser efetivamente cortadas e não só a casa. Tudo! Tevê, cama, sofá, volão, privada, etc... Na foto acima, tem uma vaquinha no canto esquerdo pensamento, com alívio "Ainda bem que não fui eu!"

Aquele abraço

também publico em http://www.antropofocus.com.br/coluna.php?cod_art=1310

8 de outubro de 2008

O mundo precisa de outro Blog?

A idéia de um blog não é a necessidade que os outros terão para ler. A esta altura, ainda no alvorecer da era internética, já temos material o suficiente para ler por esta e pela próxima vida. A necessidade do blog é do blogueiro, sua vontade de escrever, sua vontade de exercitar sua escrita.

Neste momento, quando o blog vai sendo parido, o que acontece não é uma necessidade específica de ser ouvido ou nada do gênero. É só um maldito vídeo que deu pau ao ser passado para o computador e que me compeliu a matar o tempo.

No lugar onde escrevo uma tevê está ligada em mais uma maratona de Friends e, confesso, mesmo já tendo decorado algumas falas, a familiaridade me deixa confortável ao reassistir. Quase que um impulso infantil que, em outro, iria te deixar irritado, não? Você tem contato com alguma criança, daquelas que assiste o mesmo vídeo todos os dias? Estranho é saber que o estranho está nos outros e nunca em você.

O que mais? O que mais? O que mais?

Ah, este é um blog de um diretor de um grupo de comédia, chamado Antropofocus™. Se por acaso você não nos conhece, visite o site www.antropofocus.com.br e saiba quem somos.

Chega por hoje. Chega por um tempo. Chega enquanto não chega o momento de mais uma postagem.