Falso diálogo de um mortal, dando entrevista na pós-vida. Imagem a cena: nuvens no lugar de chão, uma escrivaninha com uma máquina de escrever pesada (daquelas de filme da II Guerra Mundial). Um anjo de asas sujas por fumaça de cigarro tem uma bituca na boca, e anota a entrevista com um jogador de bola brasileiro:
Anjo – Então, seu Ronaldo, deixa eu ver se entendi.
Ronaldo – Sim.
Anjo – Você nasceu, aprendeu a jogar bola, passou pelo pão que o... aquele de baixo amassou.
Ronaldo – Isso. Sem grana pra ir pro treino.
Anjo – Daí foi treinar em outro lugar, virou sensação, casou, descasou, casou, descasou, etc, machucou o joelho.
Ronaldo – Doía pra diabo.
Anjo – Mais respeito!
Ronaldo – Opa! Desculpe.
Anjo – Daí teve esse incidente com três... Isso aqui, anotado, tá certo?
Ronaldo – É... Isso mesmo que aconteceu. Precisa falar disso? Eu fiz exclusiva disso pro Fantástico, não sei se o contrato vale aqui também.
Anjo – Depois disso você foi pro Timão e... Foi só empatar um jogo e te perdoaram por tudo?
Ronaldo – É.
Anjo – Por quê?
Ronaldo – Ué, não é óbvio pra vocês?
Anjo – Não entendi.
Ronaldo – Todo mundo gosta de milagre. Mesmo que seja um milagre chinfrim. Não foi assim que vocês, aqui, prosperaram?
Anjo – (dá uma carimbada no papel) O senhor pode entrar!... Próximo!
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